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Quem é o general que admitiu ser autor do plano para matar Lula e Moraes

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Ex-secretário executivo definiu "Punhal Verde e Amarelo" como "pensamento digitalizado" e negou ter compartilhado documento.

Foto: Reprodução

Um dos nomes mais radicais ligados ao governo Jair Bolsonaro (PL), o general da reserva Mario Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência, admitiu nesta quinta-feira (24), em interrogatório ao Supremo Tribunal Federal (STF), ser o autor do plano denominado "Punhal Verde e Amarelo". O documento chocante, segundo as investigações, previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.

O que diz o General: "um pensamento digitalizado"

Mario Fernandes tentou minimizar a gravidade do plano, afirmando que não passava de um "pensamento" seu e um "estudo de situação" que ele, por costume próprio, digitalizou. "Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilar de dados, um estudo de situação meu, uma análise de riscos que eu fiz e por costume próprio resolvi digitalizar. Não foi apresentado a ninguém e nem compartilhado com ninguém", declarou ao STF.

O general também confirmou ter imprimido o documento, alegando que a impressão foi apenas para que pudesse ler melhor e "não forçar a vista". Segundo ele, o plano foi rasgado logo em seguida. No entanto, as investigações da Polícia Federal (PF) apontam que três cópias do documento foram impressas no Palácio do Planalto e, quarenta minutos depois, Fernandes deu entrada no Palácio do Alvorada, residência oficial da presidência da República, onde estavam Jair Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cid. A Procuradoria-Geral da República (PGR) questionou Fernandes sobre a impressão em múltiplas cópias e em datas diferentes, mas ele se limitou a atribuir a uma "configuração da impressora" ou a uma "nova ideia" que alterou o documento.


Quem é Mario Fernandes: De "Kids Pretos" a Ex-Secretário de Bolsonaro

Mario Fernandes é um general da reserva que iniciou sua carreira militar em 1983, na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Em 2016, foi promovido a general de brigada. Entre 2018 e 2020, chefiou o Comando de Operações Especiais, conhecido pelos "kids pretos", referência às tropas de elite do Exército.

Em 2020, ele foi para a reserva e assumiu o cargo de secretário-executivo do então ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência) no governo de Jair Bolsonaro. Chegou a comandar a pasta interinamente.

Sua ligação com o governo Bolsonaro vai além. Em julho de 2022, durante uma reunião no Palácio do Planalto, Fernandes teria discutido estratégias golpistas para viabilizar a permanência de Bolsonaro no poder. Ele também foi assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro da Saúde.

Segundo relatório da PF, o general é considerado um dos nomes "mais radicais" envolvidos na tentativa de golpe de Estado no país e exercia grande influência nos acampamentos montados após a derrota de Jair Bolsonaro na eleição de 2022. Ele chegou a ser preso em novembro de 2024, já sob a suspeita de ter elaborado planos para atentar contra a vida de autoridades.


O Plano "Punhal Verde e Amarelo": Detalhes sombrios

A operação deflagrada pela Polícia Federal em novembro de 2024 revelou a existência do plano macabro. De acordo com as investigações, o grupo — formado em sua maioria por militares das Forças Especiais (FE) do Exército — tinha como alvos principais Lula, Alckmin e Moraes.

Os assassinatos, conforme o planejamento, ocorreriam em 15 de dezembro de 2022, apenas três dias após a diplomação de Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A metodologia prevista era o envenenamento dos alvos.

Além disso, o plano detalhava a instituição de um "Gabinete Institucional de Gestão da Crise", que deveria ser ativado em 16 de dezembro de 2022. O documento também previa a utilização de um arsenal de guerra, incluindo pistolas, fuzis, metralhadoras e um lança-granadas. As investigações revelaram que o ministro Alexandre de Moraes era monitorado constantemente.


O conhecimento de Bolsonaro: Delação de Mauro Cid

As investigações da Polícia Federal indicam que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha "pleno conhecimento" do plano. A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, corrobora essa informação, apontando Mario Fernandes como um dos generais que mais incentivavam as Forças Armadas a agirem em uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, com o objetivo de impedir a posse de Lula.

A revelação da autoria do "Punhal Verde e Amarelo" por Mario Fernandes adiciona mais um capítulo tenso às investigações sobre os atos antidemocráticos e as tentativas de subverter o resultado das eleições de 2022.

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