Uma esperança significativa no combate ao câncer de próstata tem raízes no Brasil e está chamando a atenção do mundo. O médico e cientista gaúcho Dr. Fernando Thomé Kreutz é o responsável pelo desenvolvimento de uma vacina terapêutica inovadora que, após apresentar resultados promissores em estudos no Brasil, avançou para a fase de testes clínicos nos Estados Unidos, com aprovação da rigorosa agência regulatória Food and Drug Administration (FDA).
Tecnologia inovadora e resultados animadores
O projeto, fruto de mais de 25 anos de pesquisa e um investimento que superou os R$ 70 milhões, é um marco na biotecnologia brasileira. A vacina é baseada na imunoterapia personalizada, uma estratégia que utiliza o próprio sistema imunológico do paciente para combater o tumor.
- A inovação reside na forma como as células cancerígenas são "treinadas" para serem reconhecidas e atacadas pelo sistema de defesa do corpo:
- Personalização: A vacina é produzida a partir de uma amostra do próprio tumor do paciente.
- Modificação Celular: As células tumorais são manipuladas em laboratório, em um processo que o Dr. Kreutz descreve como "pintar as células", para torná-las visíveis ao sistema imunológico.
- Resposta Imune: Ao ser reintroduzida no paciente, a vacina ativa e treina o sistema imunológico para identificar e destruir especificamente as células cancerígenas, agindo de forma direcionada.
Os estudos clínicos realizados no Brasil já demonstraram uma eficácia notável, principalmente na redução da recorrência da doença:
- Redução de Recorrência: A taxa de recorrência do câncer de próstata em um grupo de pacientes tratados com a vacina mais o tratamento convencional caiu de cerca de 36,8% para 11,8%.
- Aumento da Cura Bioquímica: Em um estudo anterior, após cinco anos, 85% dos pacientes que receberam a vacina junto ao tratamento convencional apresentaram a chamada "cura bioquímica" (PSA indetectável), índice significativamente superior aos 48% observados no grupo de controle que recebeu apenas o tratamento padrão.
"É uma caminhada de muita resiliência, de muito apoio de diversas partes. Para chegar onde a gente chegou, são literalmente centenas de pessoas que hoje estão trabalhando para isso", relata o médico
Novembro Azul e a Importância da Prevenção
O avanço da ciência com a vacina é uma notícia de grande relevância, mas a prevenção e o diagnóstico precoce continuam sendo as ferramentas mais poderosas contra o câncer de próstata.
A força do mês de novembro
O mês de Novembro Azul é fundamental por ser um período de conscientização global focado na saúde do homem, com ênfase especial na prevenção do câncer de próstata. O movimento surgiu na Austrália e se expandiu, atuando como um catalisador para derrubar o tabu e o preconceito que ainda envolvem a realização de exames preventivos.
A importância crucial das campanhas de prevenção
O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens no Brasil, e a doença é frequentemente silenciosa em seus estágios iniciais.
- Diagnóstico Precoce: Campanhas como o Novembro Azul incentivam a realização dos exames de rastreamento – o exame de sangue para dosagem do PSA (Antígeno Prostático Específico) e o toque retal – nos grupos de risco.
- O Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomendam que homens a partir dos 50 anos (ou 45 anos para aqueles com histórico familiar da doença, obesidade ou raça negra) procurem um urologista anualmente.
- Taxas de Cura Elevadas: Quando o câncer de próstata é detectado em sua fase inicial, as chances de cura chegam a ultrapassar 90%.
- Redução da Mortalidade: As campanhas são vitais para reduzir a alta taxa de mortalidade associada à doença, que, em muitos casos, se torna fatal por ser diagnosticada apenas em estágios avançados, quando os sintomas se manifestam.
Resultados Detalhados dos Testes Clínicos no Brasil
Os resultados dos estudos clínicos realizados no Brasil com a vacina terapêutica desenvolvida pelo Dr. Fernando Kreutz são a base que garantiu a aprovação da FDA (agência reguladora dos EUA) para a nova fase de testes. Eles demonstraram uma eficácia notável em dois aspectos cruciais do tratamento do câncer de próstata: a redução da recorrência da doença e o aumento da sobrevida livre da doença.
1. Redução Drástica da Recorrência
Os estudos de Fases 1 e 2 no Brasil, que envolveram mais de 100 pacientes e tiveram acompanhamento em alguns casos por até 10 anos, compararam o grupo de pacientes que recebeu o tratamento convencional mais a vacina (grupo adjunto) com um grupo que recebeu apenas o tratamento convencional (grupo controle).
Destaque: "Se nós tivéssemos 100 pacientes, 36 desses pacientes teriam recorrência no grupo controle contra apenas 12 pacientes no grupo que recebe a vacina." – Dr. Fernando Kreutz
2. Aumento da "Cura Bioquímica" (PSA Indetectável)
Em uma análise focada na resposta bioquímica, que é o PSA (Antígeno Prostático Específico) indetectável no sangue, o resultado foi particularmente impressionante:
Após cinco anos, 85% dos pacientes no grupo que recebeu a vacina mais o tratamento convencional apresentaram o PSA indetectável (considerado um indicador de "cura bioquímica").
No grupo de controle, apenas 48% alcançaram esse resultado.
3. Maior Tempo Livre da Doença
Os dados também indicaram um ganho significativo no período em que o paciente permanece livre de uma nova manifestação da doença:
Os pacientes que receberam a vacina ganharam, em média, 37 meses (mais de 3 anos) a mais de tempo livre de recorrência da doença, em comparação com o grupo que recebeu apenas o tratamento convencional.
Esses resultados robustos e estatisticamente significativos são a prova da segurança e da eficácia inicial da tecnologia de imunoterapia personalizada desenvolvida no Brasil, pavimentando o caminho para que ela se torne um novo padrão de tratamento oncológico global.


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