Cotado como candidato a presidente no ano que vem, Tarcísio buscou remover o desgaste diante da crise do tarifaço anunciado por Donald Trump e, na semana passada, fez uma rodada de conversas que passou por Bolsonaro, por ministros do STF e pelo chefe da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, esse movimento de Tarcísio deixou o deputado licenciado bastante irritado.
O governo Lula tem associado as consequências econômicas do tarifaço à oposição, inclusive a Tarcísio, aliado de Bolsonaro e político cotado para comandar o fronte de batalhas nas urnas para 2026 pela estrema direita no Brasil.
Na mesma entrevista à Folha, Eduardo diz que "provavelmente" vai abrir mão do mandato na Câmara. Ele pediu licença do mandato em março, e o afastamento vence na próxima semana.
Antes de falar à reportagem, ele afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que "por ora" não volta. "A minha data para voltar é quando [o ministro do Supremo Tribunal Federal] Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender." afirmou o deputado com o temor de ser preso por, segundo juristas, supostamente atuar contra a democracia brasileira.
Procede sua decisão de abrir mão do mandato?
"Olha, eu ainda tenho assessores me dando alguns inputs aqui, mas, se for preciso… Eu não consigo bater o martelo porque, se eu tiver uma alternativa para não perder, eu não vou perder. Mas o prazo termina 21 ou 22 de julho, se não me engano, final do mês de julho. Se for necessário, eu não volto, não. E não vejo a possibilidade de eu voltar, porque, se eu voltar, eles chamam para me prender. Mas muito provavelmente [vou abrir mão]."
Quais são as opções que você tem?
"O [deputado] Evair de Melo [PP-ES] fez uma proposta de alteração do regimento que valeria para casos excepcionalíssimos como o meu, para que eu consiga exercer o mandato mesmo à distância, fazendo votação por telefone e celular. Foi uma inovação trazida durante a pandemia." Respondeu Eduardo na esperança de exercer um mandado home-office (trabalhar em casa).
Qual é a chance de isso dar certo?
"Não sei. O nosso pessoal que está articulando dentro da Câmara."
Qual é o seu desejo?
"O meu desejo seria de ter um país normal onde o deputado não fosse preso por falar ou por se relacionar com autoridades internacionais. O meu desejo é que um deputado de direita tenha o mesmo direito de um deputado de esquerda. Porque, no passado, [o deputado federal Guilherme] Boulos foi a Portugal, o [ministro do STF Cristiano] Zanin, por exemplo, fez campanha do Lula livre em diversos tribunais internacionais, já fizeram pedido de prisão do Jair Bolsonaro no TPI [Tribunal Penal Internacional], e nunca deu em nada. Só que, ao que parece, querem tirar o Bolsonaro da corrida presidencial e a possibilidade de eu sucedê-lo também."
"Então, se o Brasil é um país que faz política desse jeito, o Judiciário é que faz política, então significa que não há uma harmonia entre os Poderes, e o Brasil não é uma democracia, é uma ditadura. E será dado a ele o tratamento de ditadura. Engana-se quem acha que pode viver numa ditadura e ter os benefícios do mundo livre. E o Trump não usou força total. Ele poderia ter feito muito mais."
Qual é a força total? O que ele pode fazer?
"Ele pode chegar ao extremo de fazer igual a [o que fez com a] Rússia."
Ameaçar com 100% de tarifas?
"Ele congelou o acesso da Rússia ao sistema swift [sistema financeiro global] inteiro, proibiu empresas americanas de fazerem investimento na Rússia, de receberem investimento russo. Ele congelou bem de um monte de oligarca russo. Na verdade, foi o [ex-presidente dos EUA Joe] Biden. Mas eu estou querendo dizer o seguinte: o governo americano tem muito mais instrumentos mais sensíveis do que tarifa de 50%. Trump já avisou na carta dele. Ele vai adicionar isso ao percentual da ´tarifa Moraes´ de 50%, que totalizaria um total de 100% de tarifa."
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