'Vou tomar, não falsifica, por favor', pede filha a investigado por fraude em cartões de vacina, que responde: 'Você é muito corajosa'

Troca de mensagens está em relatório da PF, que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 16 pessoas por esquema de inserção de dados falsos em cartões de imunização.

Foto: PF/Reprodução

O relatório da Polícia Federal (PF) sobre o esquema de inserção de dados falsos em cartões de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), familiares e aliados registra um diálogo curioso entre João Carlos de Sousa Brecha, ex-secretário de governo de Duque de Caxias (RJ), e sua filha.

Segundo a PF, Sousa Brecha era responsável pela execução da inclusão de dados fraudulentos em cartões de vacinação.

Em uma troca de mensagens de 19 de outubro de 2022 descoberta pelos investigadores, a filha do ex-secretário pediu ao pai que não falsificasse informações do cartão de vacinação dela.

O então secretário de Duque de Caxias respondeu: "Tá bom, meu amor. Você é muito corajosa".

A conversa consta do relatório da PF divulgado nesta terça-feira (19), após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do material.

Segundo a investigação, a filha de João Carlos Brecha se referia à segunda dose da vacina, uma vez que ela já havia tomado a primeira dose do imunizante contra o coronavírus em junho de 2022 – o que foi comunicado por ela em um grupo de conversas no aplicativo de mensagens WhatsApp.

"Oi, gente, tomei vacina. Nem doeu", escreveu no dia 13 de junho de 2022.

Para a Polícia Federal, as conversas entre João Carlos Brecha e a filha são mais um elemento que comprovaria que o ex-secretário de Duque de Caxias era responsável pela execução da inserção de dados fraudulentos de vacinação de diversas pessoas investigadas.

17 indiciados

Os investigadores apontam João Carlos Brecha como operador de inserções falsas em cartões de Mauro Cid, então ajudante de ordens do governo Bolsonaro, das filhas do tenente-coronel e também do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A Polícia Federal indiciou nesta segunda-feira (18) João Carlos Brecha, Mauro Cid, Jair Bolsonaro e outras 14 pessoas pelo esquema. O indiciamento não significa que os citados são culpados e serão punidos, mas, sim, que a polícia encontrou elementos que apontam responsáveis pelo crime.

Com o indiciamento, a investigação da PF será encaminhada à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se apresenta, ou não, denúncia contra os envolvidos.

O que dizem os citados

A defesa de Joao Carlos Brecha disse que não vai se manifestar sobre o indiciamento porque afirma que não teve acesso ao relatório da PF. O advogado informou também que vai pedir acesso integral aos autos e à delação de Mauro Cid.

Na época de uma operação da PF sobre o caso, realizada em 2023, Bolsonaro afirmou em entrevistas que nunca se vacinou contra Covid e que não houve adulteração nos registros de saúde dele e da filha.

Com informações G1.

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